segunda-feira, 1 de junho de 2009

Uma Hóspede do Barulho


Há uns quinze dias atrás, Hannah trouxe uma visita inesperada para nossa casa.

Sofia, um filhote de Rottweiler de quarenta dias !

Como eu já estava sabendo por alto dessa novidade, tratei de me preparar: escondi os sapatos, nada de panos, toalhas ou quaisquer pedaços de material que o animal pudesse interpretar como comida. Também preocupei-me com o pobre coitado do Sherlock, talvez o mais prejudicado nessa saga canina.
Sofia chegou no sábado à tarde e Hannah não quis saber de mais nada. Era Sofia pra cá, Sofia pra lá, corre atrás da Sofia, tira algo da boca do cachorro...UFA ! Depois de um tempo, ela disse:

“Sóf, vem cá já !” (o acento no “o” é proposital, para dar a entonação exata e reproduzir o modo como Hannah falava)

Sóf ??????

“É pai, é o apelido da Sofia !”

Quer dizer, certos cachorros ganham nome próprio. Muitos, às vezes, são batizados com nomes infames, e alguns ainda são brindados com apelidos ! Faça-me o favor !

Bem, desnecessário dizer que todas as atenções da casa foram dirigidas à Sofia durante todo o fim-de-semana. Certa altura, até eu já estava chamando a pequenina de “Sóf”...
Como eu disse acima, quem mais sofreu com essa estadia foi o Sherlock, vítima de mordidas, latidos estridentes, empurrões, ...Era um senhor de idade ranheta, na casa dos oitenta, correndo de uma criança de, aproximadamente, sete anos, cheia de energia pra gastar com quem passasse pela frente.
No domingo à noite disse que Sofia tinha que ser devolvida ao vizinho, e Hannah já começou a ficar amuada. Segunda pela manhã, relembrei Ana e disse à ela que só ficasse com o cachorro até aquele dia. À noite, retornando do trabalho, encontro a Hannah deitada no sofá com olhos de quem descascou um quilo de cebolas. Nem precisava dizer que a partida de Sofia havia mexido com sua estrutura. Então eu disse à ela que se apegar às coisas que não nos pertencem não faz bem ao coração. Mas disse que Sofia seria sempre bem vinda em nossa casa.

Contanto que não tivesse mais de vinte quilos e um ano de idade.

Hannah sorriu, mas o muxoxo continuou até a hora de dormir.

Nenhum comentário: